sexta-feira, 25 de abril de 2008

*Morre Canhoto da Paraíba, expoente do choro nordestino

Músico desenvolveu técnica particular de tocar, foi parceiro de Sivuca e admirado por Paulinho da Viola

Por Jotabê Medeiros, de O Estado de S. Paulo


SÃO PAULO - Morreu no Recife, na quinta, 24, o violonista paraibano Francisco Soares de Araújo, que ficou célebre com o apelido de Canhoto da Paraíba, um dos expoentes do choro nordestino, admirado pelos mais importantes músicos brasileiros, como Paulinho da Viola e Hermínio Bello de Carvalho. Canhoto teve um enfarte - já tinha tido um derrame há uns 10 anos, o que o forçou a parar de tocar.

Nascido em 19 de maio de 1928, segundo a Enciclopédia Itaú Cultural, Canhoto da Paraíba, como o nome indica, tocava com a mão esquerda. Mas desenvolveu uma técnica particular de execução ao violão, com o instrumento invertido (mas sem inverter as cordas). Além disso, possuía um sentido harmônio e melódico incomuns, motivo que o fez ser admirado por todos os colegas do instrumento. Sacristão, aos 16 anos iniciou a carreira como músico na Rádio Clube, no Recife (PE).

Foi parceiro de Sivuca e Luperce Miranda e de grandes intérpretes do choro, como Rossini Ferreira e Zé do Carmo. Em 1959, esteve no Rio de Janeiro pela primeira vez e conheceu a nata do choro carioca, como Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Radamés Gnattali e Paulinho da Viola. Este último se tornou uma espécie de admirador eterno, e sempre que podia incorporava Canhoto em suas turnês. Tocaram juntos no Heineken Concerts e com a Velha Guarda da Portela no Palace, em São Paulo.

Em 1999, saiu o disco Os Bambas do Violão (Kuarup), que trazia Canhoto emparelhado com os maiores do instrumento, como Baden Powell, HenriqueAnnes, Nonato Luís e Rafael Rabelo. O crítico de música Mauro Dias escreveu, no Caderno 2 de O Estado de S.Paulo: "Paulinho da Viola talvez não fosse o mesmo se não houvesse antes dele Cartola e Nelson Cavaquinho e certamente não seria o mesmo se um dia não tivesse ouvido Canhoto da Paraíba".

*Publicado originalmente em O Estadão On Line, sexta-feira, 25 de abril de 2008, 17:40

Rádio Experiência

RÁDIO EXPERIÊNCIA
(Tunai/Milton Nascimento)

Caríssimos ouvintes obrigado
Pela atenção a mim tão dispensada
Nossa programação se encerra agora
Mas de teimosa volta amanhã
Platéia de meus sonhos tão amada
O canto é o chamado pra viver
Quando o show terminar
Levem pra casa
Não deixem que ele morra por aquí
Eu quero alegria em cada voz
Que a antiga espera tenha a sua vez
E o sonho que carrego em minhas costas é o laço de união entre vocês
Nós.