segunda-feira, 26 de maio de 2008

RIO DAS OSTRAS JAZZ E BLUES 2008


ATRAÇÕES BLUESEIRAS DO FESTIVAL



James Blood Ulmer curtindo a paisagem de Rio das ostras. À cima o guitarrista Vernon Reid passando o som antes do show




As atrações de blues da 6° edição do festival de Rio das Ostras foram marcadas por diversas tendências e estilos dentro do gênero.
A cena brasileira foi bem representada com o grupo Blues etílicos e Robson Fernandes.
O gaitista Robson Fernandes apresentou um show irreverente,em uma linha de blues voltada para o humor, interpretando os grandes clássicos americanos. Uma das características interessantes do grupo de Robson é a utilização de sonoridades que se diferenciam da batida original do Blues, mostrando a imensa diversidade rítmica que o estilo pode proporcionar.

O show do Blues Etílicos superou as expectativas e mostrou que o Blues nacional adquiriu suas características próprias.
Quem esteve na Lagoa do Iriry no sábado, presenciou uma bela tarde de muito som por parte do quinteto carioca.
O repertório foi baseado no último Cd da banda “ Viva Muddy Waters” em homenagem ao expoente compositor norte – americano.
Flávio Guimarães, vocalista e gaitista do grupo empolgou a platéia com seus solos bem executados, amparados nas guitarras de Otávio rocha e Greg Wilson. Destaque para as levadas de Walking Blues e a bem humorada Cerveja.
O final foi bem interessante com o grupo fazendo uma junção entre folclore de capoeira com levada de Blues. Sem dúvida uma excelente apresentação de um grupo veterano que está completando 21 anos de carreira.

As atrações internacionais do gênero empolgaram e emocionaram o público,a começar pela apresentação do papa John Mayall junto com seu trio Blues Breakers. Fechando a noite de sexta – feira, o guitarrista e tecladista inglês desfilou suas composições para o público que lotou a cidade do jazz em Costa Azul.
O grande momento do show foi um medley com canções do grupo inglês Led Zeppelin, feitas pelo guitarrista dos Blues Breakers.
O nível de atrações vem crescendo ao longo dos festivais e John Mayall já comprovou essa estatística com o seu extraordinário show.

A grande surpresa ficou por conta da apresentação do guitarrista James Blood Ulmer, que junto com sua banda estremeceu a arena da Lagoa do Iriry.
Contando com a participação do guitarrista Vernon Reid – ex membro da clássica banda de rock dos anos 80 Living Colour - James B. Ulmer mostrou um blues amparado nas raízes do estilo norte – americano, além de influências do Jazz e da Soul Music.
As sonoridades e timbres tirados pelo grupo de James é que fizeram de sua apresentação, a mais requisitada do festival, contando com solos de gaita e escaleta – instrumento de teclas de sopro – além dos solos roqueiros do guitarrista Vernon Reid, “ uma verdadeira salada musical baseada no mestre Jimi Hendrix” dizia o texto de abertura do show de James Ulmer.A 6° edição do festival pode ser considerada em matéria de Blues a melhor até o presente momento. E citando o especialista brasileiro do gênero Roberto Muggiati, vivemos esses dias de festival “ A insustentável Leveza do Blues”.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

RIO DAS OSTRAS JAZZ E BLUES FESTIVAL 2008

MAURO SENISE SE APRESENTA COM SEU EXCELENTE QUARTETO


O saxofonista e compositor Mauro Senise, se apresentou no primeiro dia de festival com o seu quarteto, formado por Ivan Conti ( bateria ), Itamar Assieri (teclados) e Paulo Russo (contra – baixo acústico).
O privilegiado que assistiu a apresentação de Mauro Senise, guardou o show na memória, tanto pela qualidade do repertório, quanto pelos excelentes músicos do quarteto.
A começar pela presença do baixista Paulo Russo, lenda viva do jazz brasileiro, tocou e excursionou com Victor Assis Brasil – colocado entre os 10 maiores músicos brasileiros de todos os tempos – além de ter participado de inúmeras gravações de discos da música instrumental.
Nos teclados a presença de Itamar Assieri, jovem músico que atua com freqüência no cenário da música instrumental e se destaca por seu virtuosismo.
Outro veterano presente no quarteto de Mauro é Ivan Conti (Mamão), membro do famoso trio Azymuth, tocou praticamente com todos os grandes nomes da MPB de 70 para cá.
O repertório apresentado no festival foi baseado na obra do compositor Edu Lobo, em decorrência do último Cd do Mauro “Casa Forte” dedicado ao compositor de Arrastão.
Destaque para as interpretações de Casa Forte e Ponteio, abertas a longos improvisos de Contra- baixo e Teclado.
A parte jazzística do repertório ficou por conta de temas de Victor Assis Brasil e Paulo Russo, como a bela valsa Waltz for Phil de autoria de Victor e Dois Irmãos de Paulo.
A apresentação de Mauro Senise já se consolida antecipadamente como a melhor atração brasileira do festival.

RIO DAS OSTRAS JAZZ E BLUES FESTIVAL 2008


ORQUESTRA KUARUP ABRE O FESTIVAL EM GRANDE ESTILO

A abertura do festival de Jazz de Rio das Ostras fica sempre a cargo da Orquestra Kuarup. Projeto idealizado pela fundação Rio das ostras de cultura e pelo maestro Nando Carneiro.
A orquestra é composta por crianças e adolescentes e dirigida por Nando Carneiro, compositor, violonista e ex-membro da banda A barca do Sol.
Esse ano a apresentação da orquestra reservou algumas surpresas para o público, a participação do flautista e saxofonista David Ganc – companheiro de Nando na Barca do Sol – e Mário Sève, clarinetista, flautista e membro do conjunto instrumental Nó em Pingo D´água.
O repertório foi calcado na obra de Tom Jobim, representando a homenagem prestada pela orquestra para os 50 anos da Bossa Nova. O diferencial nas execuções de canções como Chega de Saudade e Wave foi a roupagem dada aos arranjos, saindo da linha tradicional da Bossa para elementos do samba e choro. Nada mais natural em uma orquestra que é composta de quatro violões, dois cavaquinhos, percussão e um naipe de flautas doces e transversas.
Uma das peculiaridades da Orquestra Kuarup é incluir no repertório, composições que fogem do óbvio quando se trata de Bossa Nova. Uma delas é Mojave de Tom Jobim, um tema desconhecido aos ouvidos do grande público, mas que representa um dos pontos mais criativos da obra do maestro.
A homenagem aos 50 anos da Bossa nova abriu espaço para dois importantíssimos compositores da música instrumental brasileira, Hermeto Pascoal e Moacir Santos. Do primeiro a excelente execução de O ovo, composição de Hermeto dos tempos áureos do Quarteto Novo, nesse tema a orquestra explorou os recursos da livre improvisação, culminando na parte mais criativa do show.
O ponto mais emocionante da Orquestra foi a interpretação do tema Coisa n° 06 do Maestro Moacir Santos, composição rica em andamento melódico e elementos rítmicos, traduzindo a competência dos integrantes da orquestra e do Maestro Nando Carneiro.
O desfecho da apresentação ficou a cargo de uma composição de Mário Sève – O cabra – mais uma vez uma grata surpresa, tratando-se de um baião que ganha fortes acentos da flauta de David Ganc e do clarinete de Mário.
A cada ano a Orquestra Kuarup se mostra mais afiada, e daqui a pouco ela ultrapassará as fronteiras de sua cidade natal e firmará o seu nome na seleta história da música instrumental do nosso país.

foto: Salvador Freitas