terça-feira, 8 de julho de 2008

AS CRÍTICAS DIVERGENTES DE SILVIO TÚLIO CARDOSO E JOSÉ RAMOS TINHORÃO

Tão importante quanto a música brasileira, foram também os seus críticos. Vale ressaltar a existência de dois críticos que difundiram e perpetuaram a memória musical e o jornalismo cultural brasileiro: José Ramos Tinhorão e Silvio Túlio Cardoso.
José Ramos Tinhorão é conhecido como um “ xenófobo” musical, completamente avesso a influências estrangeiras na música brasileira. Um defensor voraz do samba e do choro como manifestações culturais genuínas. Já Silvio era um apaixonado pelo jazz e um dos principais defensores da Bossa Nova.
Silvio Túlio Cardoso faleceu cedo, aos 43 anos, mais deixou um legado de grandes realizações em prol da memória e da cultura brasileira.
Atuante na cena jornalística, a partir dos anos 40, colaborou como crítico no Diário da noite e na lendária revista Cena Muda de cinema e comportamento. Nos anos 50, foi para o jornal o globo onde se firmou como um dos grandes nomes do jornalismo musical. Sílvio era um eterno apaixonado pelo jazz, e quando viu nascer a Bossa Nova, não demorou a aceita-la e divulga-la através de sua coluna. Não por acaso, integrou a comitiva que viajou a Nova York para o concerto da Bossa nova no Carnegie Hall em 1962.
José Ramos Tinhorão não devia gostar muito da paixão de Silvio pela Bossa, porque pensava justamente o contrário dele. Tinhorão sempre deixou claro sua fama de conservador e defensor do samba carioca de morro, basta atentar para sua vasta produção bibliográfica do gênero.
Tinhorão não gostou do aparecimento da Bossa Nova, justamente o contrário da postura de Silvio, Passando a ataca-la em artigos de jornais, o que culminou na publicação do livro Música Popular um tema em debate. Nele, tinhorão considera a bossa e seus integrantes como cópias do jazz norte – americano. Essa discussão gerou alguns atritos com a rapaziada do movimento. Ronaldo Bôscoli – um dos principais letristas e produtores do gênero – rasgou o livro em público, durante a apresentação de um de seus shows em uma boate na zona sul carioca.
Tirando esse lado radical de Tinhorão, temos um musicólogo sério e importante, devido sua grande contribuição para a bibliografia musical do nosso país. Ele pesquisou e documentou séculos de história, que envolve a linha evolutiva e os desdobramentos das manifestações musicais do Brasil.Apesar das divergências, esse dois críticos podem ser considerados como dois grandes pilares da cultura brasileira do século XX.

Cesar Garcia

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